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Só se vê na Bahia

Atualizado: 11 de mai. de 2018



Causos de carnaval por João Américo Imagem: Google - Canal do Ensino


Pense em alguma coisa esdrúxula… Na Bahia já aconteceu!


No mundo do áudio não é diferente. Nosso querido e saudoso Carlos Correia sempre contava uma situação vivida por ele, quando era o técnico de som da Banda Eva e do seu trio elétrico, que era a seguinte: nos primórdios do trio elétrico, quando tudo era difícil, não existia no país fabricantes de alto falantes para uso profissional. O que existia era somente uns dois fabricantes de fundo de quintal que faziam artesanalmente alguns modelos de pequena potência e pouco eficientes, mas era o que se tinha.


Aconteceu que Carlos, querendo inovar o som do trio, quis, pela primeira vez, colocar uns subwoofers. Ele tinha recebido uma mostra de dois alto falantes de 18 polegadas e resolveu fazer uma caixa de subwoofer com estes. Os alto falantes foram encomendados em São Paulo e enquanto a marcenaria ia produzindo as caixas, o Carnaval se aproximava. No dia anterior ao início do Carnaval chegaram, enfim, os alto falantes. Só que ao invés de receber 16 unidades conforme tinha encomendado, o fabricante, alegando que não tinha conseguido produzir os de 18 polegadas, para compensar estava enviando 24 unidades de 15 polegadas.


Aí foi uma loucura total! Foi necessário fazer uma improvisação que hoje não seria admitida. Para reduzir o tamanho dos orifícios dos falantes de 18”, ele produziu uns anéis de compensado para que naquele lugar pudesse usar os falantes de 15 polegadas.


Eram tempos muito difíceis, o Brasil produzia nada de interessante e na época existia uma lei criada durante o regime militar que se chamava LEI DE RESERVA DE MERCADO. Com esta lei, não era possível comprar produtos estrangeiros. Era totalmente proibido importar qualquer coisa neste país. Aí eu lembro de uma entrevista de Tom Jobim para a revista Veja em que o entrevistador pergunta: “Que conselho o senhor daria para um jovem que quer ser músico?” Ele respondeu: “Em primeiro lugar, procurar um contrabandista.” O entrevistador ficou surpreso e perguntou: “Mas por que?” Ao que Jobim respondeu: “Uma pessoa, para ser um bom músico, tem que ter um bom instrumento. Com um instrumento ruim ele não consegue ser um bom músico. No Brasil não se fabrica bons instrumentos e importar é proibido. Não resta, então, outra alternativa.”


Isto foi no início da história do áudio profissional no Brasil. Eram tempos muito difíceis mesmo. Nós não tínhamos equipamentos, nem tão pouco onde comprar, não tínhamos literatura especializada, nem cursos de áudio. Tudo isso refletia também nos trios elétricos.


Depois que Dodô e Osmar lançaram o trio elétrico, foi o Orlando Campos (Tapajós) quem introduziu as tecnologias mais modernas em termos de sonorização nos trios elétricos. Ele trouxe do Rio de Janeiro um engenheiro de áudio muito competente, Franklin Garrido, que montou o que se tinha de melhor na época em termos de áudio. Este trio estava estreando uma nova banda com um novo cantor que foi o cara que acendeu o estopim da explosão da chamada Axé Music. Era Luiz Caldas.


A partir daí muita coisa aconteceu no reino do Axé. Os Novos Baianos saíam com um trio todo improvisado com palhas de bananeiras e caixas de som amarradas com cordas. O Trio dos Novos Baianos parecia a cabeça de Carmem Miranda, mas foi o Trio do Traz os Montes, com a Banda Chiclete com Banana, que veio com uma carenagem inovadora, onde tudo foi feito pensando nos equipamentos de som. Ou seja: nada era improvisado. As caixas tinham os lugares apropriados onde seriam instaladas.


Na relação de evoluções do trio elétrico, o Trio Dodô e Osmar apareceu pela primeira vez com um cantor sendo solista, pois até então só a Guitarra Baiana era a única solista. Moraes Moreira foi o primeiro cantor a colocar a voz num trio elétrico.


E foi exatamente no Trio Dodô e Osmar. O resto é história.


João Américo é empresário reconhecido nacionalmente no segmento de sonorização, com experiência de mais de 40 anos em sistemas de alta performance para áudio. Após cerca de 5 anos de desenvolvimento de caixas de som voltadas para o mercado de áudio profissional, lança a AED - Audio Et Design. A ideia é oferecer ao mercado nacional e internacional produtos diferenciados e exclusivos que atendam às mais modernas especificações e anseios do áudio profissional.

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